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PROTEÇÃO À RESERVA

A cultura da caça tem sido uma tradição duradoura na região durante milhares de anos e continua sendo até hoje. Até o meado do século 19, posseiros espalharam-se nos morros, cultivando mandioca e banana, criando porcos, e nesse período extirparam a arara vermelha (Ara chloropterus) e a anta (Tapirus terrestris). Mesmo que a população de posseiros tenha diminuído ao longo do século 20, a busca pela caça foi implacável e até as décadas 20 e 30, a queixada (Tayassu pecari) e o tatu canastra (Priodontes maximus) tinham sido extirpados. Os caçadores mataram as últimas onças-pintadas (Panthera onca) e macacos bugios (Alouatta guariba) na década de 1950/60 durante o desmatamento em grande escala que acompanhou o estabelecimento de grandes plantações de cacau / borracha ocorridas nessas décadas. Esse aumento na densidade populacional que acompanhou essa expansão intensiva de agricultura entre 1950 e 1970, resultou no aumento dramático da pressão dos caçadores e até o fim dos anos 70, a maior parte dos mamíferos de grande e médio porte estava escassa. Não havia medidas para controlar os caçadores até o meado dos anos 90 quando várias ONGs foram estabelecidas com a missão de conservar os remanescentes florestais, porém esses esforços (colocando placas proibindo a caça) têm sido pouco efetivos. Embora tendo menos pessoas envolvidas na caça hoje comparado com o passado, tudo indica que essa tendência vai continuar, pois a pressão dos caçadores ainda é intensa e na maioria das florestas, a vida selvagem continua escassa.

Antes da criação da reserva, a situação dentro da REM era parecida com a das outras florestas da região e a prática era extensiva e os caçadores usavam todos os setores da floresta. Uma das principais razões para criação da reserva era proteger a floresta contra todas as atividades ilegais, inclusive a caça (Lei 9.605/98). Dada a fraca aplicação da lei na região, a Michelin formou uma unidade de guardas florestais constituída por cinco homens selecionados das comunidades vizinhas. Hoje temos uma equipe dedicada e bem treinada que tem reduzido significativamente a pressão da caça a um nível mínimo (0 a 3 relatos por mês, comparado com 50 ou mais relatos quando a reserva foi criada). Em 2020, os guardas completaram 635 patrulhas e detectaram 20 indícios de caça, e a pressão de caça teve um declínio de 83% desde 2010. Os guardas patrulham toda a reserva, assim como a plantação da Michelin fora da reserva, com patrulhas na manhã, tarde e noite 360 dias por ano.  Identificamos as áreas problemáticas e sabemos quem são os caçadores mais obstinados e concentramos as patrulhas nessas áreas. Conseguimos excluir os caçadores da maior parte da reserva e hoje a caça está restrita aos limites da reserva (geralmente <100 m da borda da floresta) e não registramos nenhuma atividade de caça ao longo das trilhas da reserva longe da borda por vários anos.

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Monitoramos a pressão dos caçadores e a abundância da vida silvestre desde a criação da reserva e temos visto um declínio dramático na atividade dos caçadores acompanhado por uma expansão rápida das populações da fauna (um aumento de 117% de abundância desde a criação da reserva). Espécies em perigo de extinção, como macaco-prego-de-peito-amarelo (Sapajus xanthosternos) e mutum-do-bico-vermelho (Crax blumenbachii) têm recuperado e recolonizado todas as florestas da reserva, seringueiras abandonados e, neste último caso, seringais ativos a 3,5 km da borda da floresta. As populações de paca (Cuniculus paca), veado mateiro (Mazama americana), veado corça (Mazama gouazoubira) aumentaram 222%. A recuperação mais impressionante foi dos caititus (Pecari tajacu) e dos tatus galinha (Dasypus novemcinctus) cuja população aumentou 339% e 547% respectivamente.

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