Mercado de veículos elétricos no Brasil é promissor
Os consumidores brasileiros mostram-se mais abertos às questões sustentáveis, comparado a outros países, e curiosos para testar a nova tecnologia. Porém, ainda encontram divergências difíceis de serem ultrapassadas a curto prazo, como o valor e a disposição de recargas nas rodovias nacionais.
No entanto, o perfil traçado pela pesquisa da McKinsey traz dados curiosos. O interesse dos brasileiros pelos veículos elétricos é tão expressivo, que sobrepõe as dificuldades de acesso. Os dados afirmam que 30% investiria em um veículo elétrico mesmo com poucos pontos de recarga. Além disso, 55% mostram-se dispostos a pagar mais caro pelo elétrico mesmo que os valores ainda sejam uma preocupação.
Oferta e vendas no mercado nacional
Embora as vendas ainda sejam tímidas em comparação ao mercado mundial, o mercado brasileiro de veículos elétricos registrou aumento de 41% nas vendas no último ano, de acordo com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Atualmente, o país tem em torno de 70 modelos disponíveis, entre os 100% elétricos (BEV); os híbridos (HEV, que têm motor a combustão e elétrico, com bateria recarregável); e os híbridos plug-in (PHEV, que carrega na tomada).
Os números mostram que mesmo sem uma política de incentivo concreta, o brasileiro está investindo em carros elétricos. Se fossem implementados planos nacionais de estímulo à adoção deste tipo de transporte, o mercado seria ainda maior.
Incentivos aos carros elétricos
No mercado internacional, os carros elétricos foram impulsionados por políticas intensas dos governos locais, como por exemplo, benefícios no Imposto de Renda oferecidos aos compradores. Entretanto, uma política parecida é impensável no Brasil devido aos problemas econômicos e fiscais. Por isso, o crescimento dos veículos elétricos segue relativamente mais devagar do que o dos principais mercados globais.
Apesar da falta de um plano nacional claro, o setor viu alguns avanços importantes nos últimos anos. Em 2015, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) zerou o Imposto de Importação dos veículos 100% elétricos e diminuiu de 35% para até 7% as alíquotas dos veículos elétricos híbridos.
Em 2018, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) regulamentou o mercado de recarga elétrica de veículos a preços negociados. No mesmo ano, o programa Rota 2030 adotou uma série de incentivos e reduziu as alíquotas de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos veículos elétricos e híbridos, que diminuíram de 25% para em torno de 9%, 12% e 13%.
Em alguns estados já há uma legislação que permite abater ou isentar a cobrança de IPVA para veículos elétricos e híbridos. Em São Paulo, os elétricos não precisam seguir o rodízio.
É preciso infraestrutura
Além de incentivos à produção e aquisição, o mercado brasileiro ainda precisa investir em uma infraestrutura para suprir o crescimento da mobilidade elétrica. O grande desafio é a instalação de carregadores residenciais e comerciais. Segundo a ABVE, atualmente há cerca de 3 mil eletropostos públicos e semipúblicos em todo o território nacional.
Ainda de acordo com a associação, o ideal seriam três pontos de carga para cada dez veículos. Quando na realidade o índice é de aproximadamente 0,24 para cada dez carros. É uma infraestrutura que requer grande investimento, mas as montadoras também estão envolvidas. Por outro lado, a geração de energia não sofrerá grandes impactos, já que o aumento no consumo corresponde a apenas 3% da energia gerada ao ano.
Diante da experiência de grandes mercados como Europa, Estados Unidos e China, a mobilidade elétrica é capaz de gerar grandes oportunidades de negócio. No último ano, o mercado de veículos elétricos gerou cerca de US $1 bilhão no Brasil, número que pode triplicar nos próximos anos e atingir US $65 bilhões em 2040.